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06 MAR 2025 • CIÊNCIA

Rosaly Lopes: a brasileira que fez carreira na NASA e descobriu 71 vulcões espaciais.

A carioca Rosaly Lopes estudou astronomia na década de 70 e foi uma das 4 alunas a se formar em uma universidade britânica

Autora

Revista Empodere

Rosaly Lopes é uma cientista brasileira que se tornou uma das principais especialistas em vulcões espaciais, deixando sua marca na história da NASA. Ela é reconhecida por suas descobertas inovadoras, incluindo a identificação de 71 vulcões no sistema solar. Sua trajetória na ciência e na exploração espacial é marcada pela dedicação, curiosidade e um talento incomum para desbravar os mistérios do espaço.

O Sonho de Explorar o Espaço

Em uma época em que a presença feminina na ciência era rara, Rosaly se inspirou na engenheira Frances Northcutt, que teve um papel crucial no cálculo da trajetória de retorno da missão Apolo 13. "Guardei aqueles recortes de jornal por muito tempo. Era a prova de que as mulheres podiam fazer parte do programa espacial", revela.

Lopes nasceu no Brasil e, desde muito jovem, se interessou pela ciência. Sua paixão por vulcões começou ainda na infância, mas foi sua decisão de se mudar para os Estados Unidos para estudar que a colocou em um caminho que a levaria a realizar descobertas extraordinárias. Ela obteve seu doutorado em geofísica pela Universidade de Londres e, após isso, foi recrutada pela NASA, onde se tornou uma especialista em vulcões no sistema solar.

Ao longo de sua carreira, Lopes esteve envolvida em diversas missões da NASA, incluindo as que estudaram os planetas Júpiter e Saturno, e suas luas, como Io, uma das luas de Júpiter, conhecida por sua atividade vulcânica intensa. Sua pesquisa foi fundamental para entender os processos geológicos e vulcânicos em corpos celestes, uma área ainda em grande parte desconhecida.

Rosaly Lopes usou imagens de satélites e dados de missões espaciais para identificar e catalogar vulcões em outros planetas e luas, como em Io, onde ela descobriu mais de 70 vulcões ativos. Suas descobertas ajudaram a transformar a forma como a ciência entende a dinâmica geológica fora da Terra, ampliando o conhecimento sobre a atividade vulcânica em ambientes espaciais.

Além de suas conquistas científicas, Lopes é uma defensora do incentivo à participação feminina nas ciências e busca inspirar novas gerações de cientistas, especialmente mulheres, a seguir carreiras em áreas dominadas historicamente por homens.

Sua jornada na NASA e suas descobertas marcaram um marco importante no campo da geofísica planetária, e seu trabalho continua a ser uma referência para cientistas em todo o mundo. Rosaly Lopes se tornou, assim, uma figura exemplar, não apenas para o Brasil, mas para o mundo inteiro, mostrando que a determinação e a paixão pela ciência podem superar barreiras e alcançar as estrelas.

A Primeira Jornada Acadêmica

Embora não tenha vindo de uma família com antecedentes científicos, Rosaly sempre contou com o apoio dos pais para investir na sua educação. Seu pai, um homem de negócios, acreditava que a maior herança que poderia deixar para suas filhas era o conhecimento. Aos 18 anos, ela ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro para estudar astronomia. No entanto, seu grande desejo era estudar na Inglaterra, um país que a fascinou durante um curso de imersão em inglês.

Com o apoio do consulado britânico, ela conseguiu ser aceita na renomada University College London, uma das universidades mais prestigiadas do mundo.

Focada na pesquisa, Rosaly seguiu para o doutorado na mesma universidade. Sua especialização em vulcanologia planetária abriu caminhos para um futuro promissor, mas sua grande oportunidade surgiu quando conheceu um cientista do JPL durante um congresso. "A situação na Inglaterra estava complicada, pois havia poucas bolsas de pós-doutorado disponíveis. Esse cientista comentou que a NASA tinha vagas para estrangeiros. Fiz minha inscrição e fui aceita", revela.

 Conciliação da Carreira com a Vida Pessoal

Rosaly é cidadã americana e britânica, mas sempre manteve suas raízes brasileiras bem vivas. Ela é mãe de um filho de 30 anos, que atualmente estuda medicina nos Estados Unidos e tem o sonho de se tornar astronauta. "Criar um filho enquanto trabalhava na NASA não foi fácil. Tive o apoio de uma au pair e, depois, ele frequentou uma creche. No entanto, acredito que o mais importante é a qualidade do tempo que passamos com nossos filhos", reflete Rosaly sobre os desafios de conciliar sua carreira com a maternidade.

Desafios da Equidade de Gênero.

De acordo com o relatório "Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil", publicado em março de 2024 pela Elsevier-Bori e divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a participação das mulheres na ciência brasileira aumentou 29% entre 2002 e 2022. No entanto, a presença feminina na área diminui conforme se avança na trajetória acadêmica.

Com mais de 30 anos de carreira na NASA, Rosaly observou o crescimento da presença feminina no setor, embora as mulheres ainda sejam minoria. "Quando comecei, os cargos mais altos eram ocupados por homens. Hoje, temos uma mulher ocupando um cargo de destaque", afirma.

Para quem sonha em seguir carreira na ciência, ela aconselha: "Estude, tenha dedicação e paixão pelo que faz. A ciência é uma área muito competitiva, e você precisa estar disposta a estar sempre aprendendo. E tenha domínio do inglês, porque a linguagem da ciência é global."

 

Fonte: Exame